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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Livro: O Duque e Eu

     Hoje será um dos meus prediletos, não será infantil!! Não terá o meu modelo especial (rs)
Livro: O Duque e Eu 
Título original: The Duke and I 
Autor (a): Julia Quinn
Editora: Arqueiro
Páginas: 288
ISBN: 9788580411461
Sinopse: "O Duque e Eu - Simon Basset, o irresistível duque de Hastings, acaba de retornar a Londres depois de seis anos viajando pelo mundo. Rico, bonito e solteiro, ele é um prato cheio para as mães da alta sociedade, que só pensam em arrumar um bom partido para suas filhas. Simon, porém, tem o firme propósito de nunca se casar. Assim, para se livrar das garras dessas mulheres, precisa de um plano infalível. É quando entra em cena Daphne Bridgerton, a irmã mais nova de seu melhor amigo. Apesar de espirituosa e dona de uma personalidade marcante, todos os homens que se interessam por ela são velhos demais, pouco inteligentes ou destituídos de qualquer tipo de charme. E os que têm potencial para ser bons maridos só a veem como uma boa amiga. A ideia de Simon é fingir que a corteja. Dessa forma, de uma tacada só, ele conseguirá afastar as jovens obcecadas por um marido e atrairá vários pretendentes para Daphne. Afinal, se um duque está interessado nela, a jovem deve ter mais atrativos do que aparenta. Mas, à medida que a farsa dos dois se desenrola, o sorriso malicioso e os olhos cheios de desejo de Simon tornam cada vez mais difícil para Daphne lembrar que tudo não passa de fingimento. Agora ela precisa fazer o impossível para não se apaixonar por esse conquistador inveterado que tem aversão a tudo o que ela mais quer na vida."

SÉRIE "OS BRIDGERTONS"
    1.  O Duque e Eu
    2.  O Visconde Que Me Amava
    3.  Um Perfeito Cavalheiro
    4.  Os Segredos de Colin Bridgerton
    5.  Para Sir. Phillip, Com Amor
    6.  O Conde Enfeitiçado
    7.  Um Beijo Inesquecível
    8.  
A Caminho do Altar


   "O Duque e Eu" é o primeiro volume da série "Os Bridgertons", publicado em 2013 pela Editora Arqueiro. A série de Julia Quinn é composta por oito volumes que narram as aventuras dos oito irmãos dessa (enorme!) família, assim como suas histórias de amor, em meados de 1700, se tratando, portanto, de uma série de romances de época. A princípio a saga me lembrou de outra, "Os Sullivans", da Bella Andre, que, mesmo que contemporâneos, ainda possuem a mesma premissa: depois de uma rápida pesquisada, contudo, descobri que a série de Julia Quinn começou a ser publicada 11 anos antes da dos Sullivans (que também são oito irmãos!) — coincidência, talvez?!
   Algo interessantíssimo é que os nomes do irmãos foram dados em ordem alfabética, do mais velho para a mais nova: Anthony, Benedict, Colin, Daphne, Eloise, Francesca, Gregory e Hyacinth. Os livros não precisam ser necessariamente lidos na ordem correta, já que as histórias são independentes, mas é interessante seguir a ordem para evitar ocasionais spoilers, já que os irmãos simplesmente adoram se intrometer nas vidas um dos outros. 
   
   O ponto central da série é a "temporada" de cada ano: a estação de festas na qual as jovens solteiras frequentam eventos da alta sociedade para encontrar um marido, e, assim, um bom casamento. Na temporada, vale tudo para as mães desesperadas, assim como grande parte das jovens, e o frenesi é geral. O primeiro livro de "Os Bridgertons" narra a história de Daphne Bridgerton, uma moça linda, mas não como as demais. Ela é muito bem nascida, e a quarta irmã da grande e prestigiada família de nove, composta pelos oito irmãos e sua astuta, mas amorosa, mãe Violet, que faria o inimaginável pela sua prole. 
  Sendo a irmã do meio da trupe, é natural que seu maior desejo seja o de constituir uma família e viver um amor tão forte como o de seus pais. O grande problema de Daphne, contudo, é que os homens pelos quais ela poderia se interessar a veem apenas de uma maneira: como uma querida amiga. Seu comportamento leal e destemido e sua inteligência além do comum a fazem uma ótima amiga, mas não uma donzela que leva todos à loucura. Além disso, dois anos já se passaram desde que ela debutou e, com algumas propostas de casamento já rejeitadas, ela se recusa a casar com alguém que não poderia amar. 
“Eu quero um marido. Uma família. Não é tão bobo quando se pensa nisso. Sou a quarta de oito filhos. Só conheço famílias grandes. Não sei se saberia existir fora de uma.”
   Simon Basset é bonito, rico e, o mais relevante para a sociedade londrina a qual acaba de chegar: solteiro. É certo que o fato de ele ter acabado de herdar o título de Duque de seu falecido e ausente pai apenas excita os ânimos das debutantes da temporada. Ao convite de seu melhor amigo, Anthony Bridgerton, Simon volta a Londres, mas detesta profundamente o empenho das mães casamenteiras; isso porque o maior desejo da vida de Anthony é dar cabo à vingança pelos anos de rejeição que sofreu pelo seu pai, e extinguir o ducado da família Basset, nunca se casando ou tendo herdeiros. 
    Quando conhece Daphne, uma faísca se acende, e a moça o surpreende com sua inteligência e perspicácia. Ele não tem conhecimento, a princípio, de que se trata da irmã de seu melhor amigo, e quando descobre a verdade, sabe que não poderia desrespeitar a irmã de seu amigo se envolvendo com ela sem desposá-la, mesmo com toda a atração que sente pela moça. É a partir do cansaço de Simon de fugir de pretendentes e do desejo de Daphne de mudar a visão de outros homens em relação a ela que ambos fazem um acordo: eles fingirão estarem envolvidos para cessar o interesse das mães em Simon e para os cavalheiros verem Daphne como alguém digna da atenção de um duque. A única coisa que poderia atrapalhar o grande plano dos dois seria o inevitável: uma paixão supreendente e inesperada. 
   
   Apesar de não ter lido muito romances de época, é fácil para a maioria dos leitores saber que os adorará. Afinal, histórias de amor sempre nos fazem suspirar, dar gargalhadas e esperar por algo maravilhoso e romântico acontecer. A velha fórmula de "mocinha + mocinho + atração + negação + conflitos + realização e final feliz" é antiga? Sim. E se ainda funciona? Perfeitamente. 
   É com uma capacidade surpreendente que Julia Quinn nos transporta diretamente a Londres de época, na qual tudo é glamuroso e o romance está no ar. Comecei a ler o livro despretensiosamente, e quando me dei conta, havia parado algumas atividades do dia apenas para terminar essa incrível história. A trama é completamente envolvente, do tipo chiclete, que surge em seus pensamentos em horas inusitadas, e, portanto, deixa o leitor vidrado pelo próximo passo dos personagens. 
   A narração é feita em terceira pessoa, de forma que o leitor é onisciente, e acompanha o casal protagonista. É  com uma descrição muito bem detalhada que ficamos cientes do cenário de época, da aparência e dos costumes tão característicos dessa época. Tudo é muito bem explicado, de maneira que os costumes, mesmo que estranhos à atualidade, pareçam naturais e aceitáveis, e isso é um trabalho notável por parte da autora. Outra coisa que mechamou atenção foi o fato de Quinn inserir, a cada início de capítulo, uma pequena nota de um jornal de fofocas da sociedade, dando um pequeno spoiler e deixando o leitor ainda mais ansioso pelo capítulo seguinte. 
   Outro aspecto da obra que merece congratulações foi o fato da autora conseguir, com perfeição, criar um "plano de fundo" para cada um de seus personagens. Apesar de adorar romances de época, algo que sempre me incomodou no gênero foi o quão comum são histórias com personagens que parecem simplesmente jogados na trama, sem desenvolvimento, sem passado, sofrendo de "dores" mal justificadas ou rasas demais. 


   Nada disso acontece no livro de Quinn. Mesmo que o foco seja, tecnicamente, em Daphne, Simon possui toda uma história e uma justificativa muito pertinente para sofrer com os demônios que o atormentam. O passado é muito bem explicado — aos poucos, é claro! — e descrito, perfeitamente capaz de fazer emergir a reação atual do duque. Toda a história dos personagens anterior ao livro é perfeitamente descrita e inteligentemente bem-colocada, o que agrada a qualquer leitor. 


   Ainda sobre as diferenças, em minha opinião, da série Os Bridgertons para a maioria das do gênero, está algo surpreendente: o romance, ainda que o principal ponto do livro e presente a todos os momentos, não é imediato. Não, não. O casal de mocinhos não se olha, sente atração e, depois de um beijo, puff!, se ama para a eternidade. Aqui — e eu fiquei tão contente com isso! — as coisas acontecem com o tempo, uma amizade se desenvolve primeiro, ainda que a atração esteja sempre lá: isso é muito fiel à vida real, e um sopro de ar fresco para os usuais romances que adotam certos clichês. 
   Os personagens são muito bem construídos, como já afirmei, e não tenho nenhuma reclamação a fazer, a não ser algumas ressalvas com a falta de amor próprio, em certos momentos, de Daphne. Ela age como uma personagem muito forte, até por ter três irmãos mais velhos!, e é muito astuta, apesar de algumas ocasionais crises. Simon, por sua vez, consegue ser um cavalheiro apaixonante, e mesmo que seus problemas possam deixar o leitor impaciente em momentos específicos, ainda tudo é muito bem detalhado e compreensível. 
   Não tenho nenhuma reclamação para fazer ou defeito a apontar quando a história e sua construção, na realidade. A única coisa que não posso deixar de citar não é bem uma crítica, mas sim uma reclamação que, como uma boa feminista, não pude deixar de lado: o machismo está presente em peso na história. E sim, eu sei que se trata de uma época machista, e, sim, essa era a realidade do ano de 1700 (e ainda é possível encontrar semelhantes absurdos hoje!), mas eu ainda, sim, direi que fiquei, e muito, incomodada, ao ler trechos no qual protagonistas repetem que "é o dever da mulher servir seu marido". Não é algo que eu possa mudar, infelizmente, mas acredito que devo expressar minha indignação e opinião aqui.
   A edição da Editora Arqueiro é belíssima, e conseguiu combinar elegância e charme com sutileza. Adorei a capa, que, em minha opinião, superou de longe a original americana, e o design interno também é belíssimo. A tradução foi muito bem feita, e não me deparei com nenhum erro de gramática e nem de revisão durante as 288 páginas do livro. 
   É, por fim, um livro digno do gênero que representa, conseguindo superar muitos que seguem a mesma linha. Adorei cada momento da leitura, e mal posso esperar para ler o resto da série. É um livro que consegue distrair e envolver o leitor de maneira incrível, e a pedida perfeita para uma leitura romântica e descontraída, mas ainda muito bem formulada!
   
Primeiro parágrafo do livro:
"O nascimento de Simon Arthur Henry Fitzranulph Basset, o conde de Clyvedon, foi recebido com muita alegria. Os sinos da igreja tocaram por horas, serviu-se champanhe à vontade no imenso castelo que o recém-nascido chamaria de lar e toda a aldeia de Clyvedon parou de trabalhar para participar dos festejos organizados pelo pai do jovem conde."
Melhor quote: 
"Daphne se abaixou e ajeitou as tulipas, roçando o braço de leve na frente do casaco dele. Ela imediatamente deu um salto para trás, surpresa com a quentura e a força dele. Meu Deus, se ela podia sentir tudo aquilo através da camisa e do casaco, como ele deveria ser... Daphne ficou vermelha, muito vermelha. – Eu daria minha fortuna por seus pensamentos – disse Simon, erguendo as sobrancelhas com curiosidade."

A curiosidade atacou?!? Então leia logo o livro!!!
Bjks literárias,

Daniiih