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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Livro: Pluft, o Fantasminha



Original: Peça de teatro
Autor (a): Maria Clara Machado
EditoraNova Fronteira
Ano: 2009
Edição: 1
Modelo: Enzo Rocha


"Pluft é um fantasminha tímido que tem medo das pessoas, até que um dia ele conhece uma menina. Maribel foi seqüestrada pelo marinheiro Perna-de-Pau, que a escondeu na casa onde moram Pluft e sua família. Para ajudar a menina a se salvar, o fantasminha se envolve numa história de tesouro, piratas e muita aventura.
Pluft, o fantasminha é uma peça de teatro, encenada pela primeira vez em 1955. Depois Maria Clara Machado decidiu contar essa mesma história em prosa, que nesta edição vem acompanhada das belas ilustrações de Graça Lima."

A peça intitulada Pluft, o Fantasminha, faz parte do cabedal de obras e montagens da autora Maria Clara Machado, grande nome da literatura e dramaturgia infantojuvenil. Escrita e encenada 
 pela primeira vez no ano de 1955 pelo grupo de teatro Tablado - grupo fundado pela própria autora no ano de 1951, no Rio de Janeiro -, o qual tinha por objetivos a formação e a produção de espetáculos por parte de seus membros.

 
Devido ao sucesso da peça, tanto no âmbito do público quanto por parte da crítica, a peça ganhou uma versão cinematográfica no ano de 1961, com o cineasta franco-brasileiro Romain Lesage, e uma versão em forma de minissérie, estralada na Rede Globo de Televisão, no ano de 1975, em uma aliança estabelecida com a TV Educativa.


O próprio título da obra já aponta para dois aspectos peculiares à literatura infantojuvenil. O primeiro  é a presença do fantástico/maravilhoso, “categoria” literária que encontra segura definição, conceituação e explicação nos traçados e linhas do filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov, sobretudo em seu livro Introdução à Literatura Fantástica, e que desde os tempos mais ermos ocupa significante espaço em meio à curiosidade e ao imaginário humano, materializada na peça pela presença dos fantasmas. O segundo é a marca do diminutivo como representação de afetividade, aliando-se ao longo do texto com uma linguagem simples, elaborada para atender ao público infantojuvenil, fato que se apresenta como tentativa de minimizar a assimetria inerente às produções do gênero (na grande maioria escritas por adultos para crianças).
 
A peça retrata a existência, em um sótão de uma antiga casa, de uma família de fantasmas muito simpática, composta por Pluft, sua mãe e o Tio Gerúndio. Pluft, personagem protagonista, é caracterizado como alguém que possui um medo imenso de pessoas (percebam ao mesmo tempo uma inversão de uma estrutura tradicional, visto que o que se tem por convencional é o medo que as pessoas possuem dos fantasmas e a exploração do conceito de que tememos aquilo que não conhecemos). Sua mãe, que não é singularizada por um nome próprio, é exímia cozinheira de pasteis de vento. Tio Gerúndio,  por sua vez, é caracterizado a partir do seu nome próprio, que se apresenta relacionado com a manutenção de seu hábito primordial de manter-se dormindo dentro de um enorme baú (sabemos que o gerúndio, marcado morfologicamente pelo acréscimo da terminação "ndo", é uma marcação de forma nominal dos verbos que atribui um efeito de continuidade às ações representadas ).
A aparente tranquilidade em que vivia a família fantasmagórica é quebrada quando o Capitão Perna de Pau, desejoso por encontrar o antigo tesouro do Capitão Bonança (nome intimamente ligado à sua condição moral como nobre Capitão) e acreditando que ele estja localizado no sótão em que moravam os fantasmas, rapta a neta do antigo capitão, a muito simpática e bondosa Maribel, a qual maném uma relação de amizade com Pluft (ponto em que se pode ver uma “indicação moral” em relação ao respeito às diferenças e ao valor da amizade). Sua amizade com Pluft é importante pois  faz com que ele passe a confiar nas pessoas, crie coragem e se mostre engajado no resgate da moça juntamente com João, Julião e Sebastião, todos nomes com aumentativo, o que causa uma expectativa de seriedade com respeito à tramae aos próprios personagens. Entretanto, os  amigos marinheiros da moça, sempre muito atrapalhados, conferem  bons momentos de comicidade, proporcionando uma ruptura com a expectativa apontada.


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